sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

A Feminização da Universidade



O fenómeno de "Feminização do Ensino Superior" é evidente, mas tem merecido pouca atenção.Integrado no projecto "Nas Asas da Igualdade", promovido pela UMAR-Açores, o colóquio, ocorrido ontem na Universidade dos Açores, pretendeu ser uma discussão sobre a presença da mulher no Ensino Superior e na sociedade em geral.Gilberta Rocha salientou que, na UAç, neste ano lectivo de 2006/2007, há uma maior percentagem de mulheres nos cursos de Línguas e Literaturas Modernas na variante de Português-Francês (100%) e de Português-Inglês (90%), nos cursos de Português-Francês (100%) e de Português-Inglês (100%) na via ensino, e no curso de Psicologia (95%) no nível preparatório. "Nas profissões de enfermagem, de serviço social e de docência nota-se um grande peso feminino, tal como acontecia no passado".As mulheres precisam de níveis de qualificação mais elevados do que os homens. "No mercado de trabalho têm de mostrar as habilitações. A desigualdade na frequência do Ensino Superior deve-se ao desenvolvimento do mercado do trabalho. Sendo mais difícil para nós penetrar nele, procuramos níveis de qualificação mais seguros". Quanto aos estereótipos, "estão a mudar. As mulheres aderiram às Forças Armadas e Policiais, que antes não podiam fazer". Lamenta que "o curso de rede multimédia seja masculino. Apesar dos homens estarem em número menor na UAç, escolhem os cursos mais competitivos. As mulheres não se fazem representar nas áreas da técnica e da tecnologia". Rosa Simas defendeu que "temos de lutar pela igualdade de direitos, pois ainda há muito a fazer. Antigamente, as mulheres eram excluídas das escolas, mas no mundo académico de hoje existe uma feminização". Questionada sobre a legitimidade de se poder afirmar que esta acontece devido aos dados demográficos, afirma que "isto nada tem a ver. Há mais mulheres do que homens na Região, mas essas são idosas, pois os homens têm uma mortalidade mais precoce. Um dos factores determinantes na superioridade feminina nalguns cursos é a saída profissional. Aquilo que é novo, que se está a afirmar em termos profissionais, atrai o sexo feminino".Presente no colóquio, Berta Cabral salientou que "se está a romper com o estereótipo e que as mulheres aderem às novas iniciativas, por terem mais facilidade do que os homens. Se a nível profissional implantarmos um novo sistema, as mulheres aderem mais depressa. É talvez por isso que é mais fácil romper com os estereótipos". A seu ver, "a introdução do Numerus Clausus na Universidade beneficiou as mulheres, mas isso tem a ver com o mérito próprio, pois elas são mais organizadas, mais estudiosas, etc. Por isso têm prioridade na entrada no Ensino Superior. O sistema estava orientado para o estudo, a persistência, o tipo de atenção e de reflexão. Julgo que as mulheres são mais aplicadas e isto dá-lhes vantagens no sistema de ensino. Isto é a minha opinião face aos comportamentos sociológicos". Referiu também que "não existem muitas mulheres na política, mas algumas, de qualidade, chegam a altos níveis do poder. Não conheço, contudo, nenhuma mulher presidente de um banco, nem português, nem europeu, o que mostra que há mais a fazer no sector privado". Salientou estar "preocupada com o futuro das mulheres que frequentam a Universidade quando quiserem entrar no mercado profissional".A UMAR-Açores lançou um conjunto de documentos para recolher a opinião das pessoas que assistiram aos colóquios, que serão depois entregues às forças políticas Regionais, Nacionais e Europeias.

Diário dos Açores 08/02/2007

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